As mortes de Marielle Franco e Anderson Pedro Gomes ontem (14) no Rio de Janeiro, trazem consigo muitas outras dores. A execução de uma mulher negra, lésbica e socialista, que denunciava as injustiças sociais, traz a lembrança dos momentos mais sombrios do Brasil.
Marielle morreu em uma emboscada, assim como Marighella, e aos 38 anos, como Vladimir Herzog. As lutas de Marielle ressoam as de Dandara dos Palmares, Anita Garibaldi, Olga Benário, Dorothy Stang, Dorcelina Folador e tantas outras que jamais abaixaram a cabeça e viveram com dignidade inspiradora. Anderson morreu trabalhando, a exemplo dos sofrimentos do povo brasileiro, aqueles que entregam sua força vital pelo sustento e suplicam diariamente voltarem com vida para casa.
Precisamos resgatar nossa memória de lutas e resistência. Não podemos permitir que o recrudescimento do autoritarismo cale a nossa voz. Marielle era um símbolo da coragem e da luta que denunciava com a sua militância as atrocidades e abusos do poder de polícia do Estado, assim como, a falência da Guerra às Drogas que mata diariamente a população pobre e negra das periferias do Brasil.
Diante da intervenção federal – e militar – do Governo Federal no estado do Rio de Janeiro, o cenário de guerra entre crime organizado e forças de segurança se intensificou. A intervenção, que não é a primeira que as comunidades dali enfrentam, se revela como uma farsa com propósito eleitoral promovida por Michel Temer e a quadrilha instalada no Palácio do Planalto, no governo e na prefeitura do Rio.
Marielle era uma das vozes mais críticas à intervenção e ocupava o cargo de relatora da comissão que fiscalizará a intervenção. Há 4 dias denunciou em público ações da Polícia Militar contra comunidades periféricas. No dia de seu assassinato, Marielle havia postado em sua rede social: “Mais um homicídio de um jovem que pode estar entrando para a conta da PM. Matheus Melo estava saindo da igreja. Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?”. Horas depois, seria ela o alvo de 9 tiros disparados contra o carro que a levava de uma atividade com mulheres negras para casa, destes, 4 atingiram sua cabeça. Os disparos também atingiram o motorista, Anderson Pedro Gomes.
Foi um crime político. Uma execução planejada e covarde. Exigimos resposta para a pergunta: quem mandou matar Marielle?
Expressamos pesar pela perda dessas e das milhares de vidas vítimas da violência, assim como expressamos solidariedade aos familiares, amigos e companheiros de Marielle e Anderson. Por todos aqueles e aquelas que deram suas vidas pela defesa da justiça social e pela luta contra as opressões: Marielle, presente!
Diretoria do DCE UFGD
Gestão 2018 – Solte a voz
Dourados – MS, 15 de março de 2018.
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